O mercado de veículos brasileiro seguiu deprimido em setembro, com queda nas vendas na comparação anual, mas mostrando ligeira melhora sobre o fraco mês anterior, segundo dados preliminares de emplacamentos informados por uma fonte com conhecimento do assunto nesta terça-feira.
A venda de carros, comerciais leves, caminhões e ônibus em setembro até a véspera somou cerca de 279 mil unidades, marca correspondente a aproximadamente 13,3 mil veículos novos emplacados por dia útil, queda de 4,5 por cento na comparação com igual etapa do ano passado.
Mantido o ritmo de vendas nesta terça-feira, o mês deve fechar com licenciamentos de 292,3 mil veículos novos, 5,7 por cento abaixo de setembro de 2013.
Com isso, o volume vendido no acumulado do ano até este mês pode somar 2,52 milhões de unidades, queda de 9 por cento no comparativo anual, bem maior que a estimativa de baixa anual de 5,4 por cento, esperada pela associação que representa o setor, Anfavea.
O segmento encerrou agosto com estoque de 385,7 mil veículos e queda de 5,5 por cento no nível de emprego sobre um ano antes. Essa indústria, que empregava em agosto 148,9 mil funcionários, tenta ajustar sua produção desde pelo menos o início do ano, diante da queda do mercado interno e fraqueza da Argentina, principal destino das exportações do setor.
Medidas como suspensão de contratos de trabalho e férias coletivas têm sido adotadas há meses pelo setor, que tem sido beneficiado pelo governo federal por redução de carga tributária e evitado comentar sobre eventuais demissões em massa em um ano eleitoral.
"Acho que daqui para o final do ano, passada a eleição, teremos anúncios (de demissões). O setor já mexeu em todas as frentes de custos imagináveis", afirmou o gerente de desenvolvimento de negócios da empresa de pesquisa de mercado Jato Dynamics, Milad Kalume Neto.
"Estamos vendo um afundamento de vendas do mercado no segundo semestre e as melhores projeções para 2015 indicam que o mercado vai andar de lado", acrescentou. Segundo ele, as vendas de veículos leves no Brasil este ano vão cair 10 a 12 por cento.
"Além disso, estamos sem produtos para exportar. Carro bom para exportação teremos só a partir de 2016, com a alteração de ciclo de produtos no Brasil motivada pelo Inovar Auto", afirmou Kalume Neto, em referência ao regime automotivo em vigor no país desde o ano passado e que incentiva a melhoria na eficiência dos veículos nacionais.
Fonte: Reuters Brasil